ANS suspende reajuste de todos os planos de saúde até dezembro
ANS suspende reajuste de todos os planos de saúde até dezembro
Medida foi tomada diante a crise provocada pela pandemia e vale para contratos individuais e coletivos
Os reajustes anual e por faixa etária de todos os planos de saúde e odontológicos, sejam contratos individuais ou coletivos, estão suspensos entre setembro e dezembro. A decisão foi tomada em reunião extraordinária da diretoria colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), na noite desta sexta-feira, após pressão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
A diretoria deixou para depois a discussão sobre se haverá ou não cobrança retroativa pelo tempo de suspensão do reajuste.
Durante a reunião, o presidente substituto da ANS, Rogério Scarabel, lembrou que apesar da crise, dados apurados pela agência mostram que as operadoras apresentaram o melhor resultado financeiro desta década, até o segundo trimestre deste ano, o que apontaria que as empresas do setor têm condições de suportar o adiamento dos reajustes.
Foi aprovado ainda, por proposta do diretor Paulo Rebello, que seja aberta a possibilidade de negociação de reajustes nos casos dos contratos empresariais, caso as operadoras obtenham a concordância da empresa contratante.
Para a advogada Maria Stella Gregori, ex-diretora da ANS, a decisão de suspensão do reajuste foi acertada. Ela avalia, no entanto que as operadoras deveriam estender o benefício aos contratos que já sofreram reajuste:
- Importantíssimo que em um momento tão grave, como o que estamos vivendo, os consumidores não sejam onerados. Pena que esta suspensão do reajuste não tenha sido iniciativa das operadoras. Mas como a medida beneficia apenas os contratos com aniversário entre setembro e dezembro, entendo que as operadoras deveriam suspender a aplicação dos reajustes nas mensalidades a vencer nesse período. Traria um critério de justiça suspender o reajuste das mensalidades de todos os contratos até dezembro.
Na avaliação de Teresa Liporace, diretora executiva do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a medida atende aos pedidos das entidades de defesa do consumidor, mas a medida deixa a desejar:
- A medida não assegura que os consumidores estejam protegidos de futuras recomposições. Ficou evidente na fala de quatro dos cinco diretores da ANS, assim como em seus relatórios técnicos, que o setor apresenta ótimos resultados e teve redução de custos. Para o Idec, não se pode em hipótese nenhuma, nem agora nem no futuro, repassar os custos deste período ao consumidor.
Esa é a mesma posição de Ligia Bahia, especialista em saúde pública e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ):
- A medida é adequada ao momento excepcional que estamos vivendo, mas espera-se que não exista a retroatividade de reajuste por esse tempo suspenso.
Anualmente, a agência divulga o teto de reajuste para os contratos individuais, entre maio e julho, e monitora os aumentos das mensalidades dos planos coletivos com até 30 beneficiários.
Empresas: reajustes se referem a 2019
A Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde), que representa operadoras de planos e seguros, informou que suas associadas vão cumprir as determinações da ANS para suspender a aplicação dos reajustes. Mas ressaltou que os ' reajustes recém-aplicados a alguns contratos, e agora suspensos, refletiam a variação de custos verificada ao longo de 2019. Não tinham, portanto, qualquer relação com o comportamento da oferta e da demanda por procedimentos médicos verificado nos últimos meses desde o início da pandemia, que apenas será considerado nos valores a serem praticados a partir de 2021.'
Segundo a Federação, entre 1º de maio e 31 de julho, as operadoras associadas à FenaSaúde suspenderam, de maneira voluntária, a aplicação de reajustes de todos os seus contratos.
Fonte O globo.com: Luciana Casemiro
21/08/2020 - 19:26 / Atualizado em 21/08/2020
Categoria: Notícia
Publicado em: 21/08/2020